O ex-policial militar
Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista
Anderson Gomes, em março de 2018, teria delatado o ex-deputado estadual
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ),
como um dos mandantes do crime. A informação foi confirmada pelo portal
Intercept Brasil por fontes ligadas à investigação.
Ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018 – Foto: Reprodução |
A delação de Lessa foi feita em novembro de 2023, no âmbito da Operação
Calvário, que investiga uma série de crimes no Rio de Janeiro, incluindo o
assassinato de Marielle. Segundo as fontes do Intercept, Lessa afirmou que
Brazão o contratou para matar Marielle por ordem de um grupo de empresários e
políticos ligados à milícia.
Brazão já havia sido citado nas investigações do assassinato de Marielle, mas
nunca havia sido indiciado. Em 2019, ele foi preso preventivamente por
suspeita de obstruir as investigações, mas foi solto em 2020.
Ex-presidente Bolsonaro, Marielle e Brazão – Foto: Adriano Machado/Reuters | Mídia Ninja |Reprodução/TV Globo |
A possível motivação para o crime estaria relacionada a uma suposta vingança
contra o ex-deputado Marcelo Freixo, à época filiado ao PSOL. Brazão e Freixo
tiveram disputas políticas, e Marielle trabalhou com Freixo por 10 anos antes
de ser eleita vereadora. A rixa entre os parlamentares teve origem em 2008,
quando o nome de Brazão foi citado no relatório final da CPI das Milícias,
presidida por Freixo.
A delação de Lessa é um novo desenvolvimento importante no caso do assassinato
de Marielle. Se confirmada, ela pode levar à responsabilização dos autores do
crime, que ainda estão impunes.
Reações
A delação de Lessa foi recebida com indignação por familiares e amigos de
Marielle. A irmã da vereadora, Anielle Franco, afirmou que a delação “confirma
o que sempre dissemos: Marielle foi assassinada por um crime político”.
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias do Senado
Federal, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também se manifestou sobre a delação.
Ele afirmou que a informação é “gravíssima” e “deve ser investigada com a
máxima celeridade”.
Próximos passos
A delação de Lessa deve ser analisada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro,
que é responsável pela investigação do assassinato de Marielle. Se confirmada,
a delação pode levar à prisão de Domingos Brazão e de outros envolvidos no
crime.
A delação também pode ter implicações políticas. Brazão é um ex-deputado
estadual do Rio de Janeiro e é ligado a grupos políticos que já foram
denunciados por corrupção e violência. Se a delação for confirmada, pode levar
a um desgaste desses grupos políticos.
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