Se visse toda sua vida, do início ao fim, mudaria alguma coisa? Essa é a
questão central do filme “A Chegada“, lançado em 2016, que nos leva a uma jornada de intrigas, simbolismos e uma
linguagem alienígena única. Neste artigo, exploraremos todos os detalhes que
você pode ter perdido ao assistir a essa bela ficção científica.
Em “A Chegada“, somos apresentados a Louise, uma linguista, e Ian, um matemático, que se
esforçam para se comunicar com uma espécie alienígena que chegou à Terra por
meio de 12 naves. À medida que mergulham na língua alienígena, Louise começa a
experimentar visões ou memórias do futuro, incluindo a perda de sua filha
devido a uma doença rara.
A narrativa do filme brinca habilmente com nossa percepção do tempo,
desafiando a ideia linear de passado, presente e futuro. Isso fica evidente
desde o início, quando somos apresentados à filha de Louise em uma cena que
inicialmente assumimos ser o passado, mas na verdade é o
futuro.
A linguagem dos Heptapods é semasiográfica, transmitindo significado em vez de
sons e é circular, não possuindo uma direção definida, o que a torna única e
intrigante. O filme até criou uma linguagem funcional com centenas de
logogramas, completamente diferente de qualquer língua humana.
A capacidade de Louise de acessar memórias futuras é explicada pelo filme
através de uma abordagem baseada na hipótese de Sapir-Whorf, que sugere que a
linguagem influencia nosso pensamento. Ao aprender a língua alienígena, Louise
adquire a habilidade de acessar memórias futuras, semelhante a um controle
remoto que permite pular para qualquer ponto de sua vida, incluindo o futuro.
Um dos dilemas centrais do filme gira em torno do livre arbítrio. Louise,
ciente de seu futuro trágico, escolhe viver cada momento ao máximo, enquanto
Ian, incapaz de lidar com a realidade, se afasta. O filme nos questiona se
podemos realmente mudar nosso destino quando conhecemos o que está por vir.
A comunicação desempenha um papel crucial na trama, e o filme explora como,
paradoxalmente, quanto mais tentamos nos comunicar, mais dificuldades
enfrentamos, refletindo nossas próprias lutas de comunicação na vida
real.
A chegada das naves alienígenas em diferentes partes do mundo cria tensões
geopolíticas, e o filme aborda o tema da violência como uma resposta à
incompreensão. A China interpreta a mensagem dos Heptapods como uma ameaça,
levando a um iminente ataque militar.
O desfecho do filme é uma reviravolta poética, onde Louise usa seu
conhecimento do futuro para convencer o general chinês a evitar o conflito, ao
citar palavras que ele dirá no futuro. Essa cena joga com a ideia de que o
tempo é uma construção complexa, onde o passado, presente e futuro podem estar
interligados.
Em última análise, “A Chegada” nos leva a questionar nossa própria relação com
o tempo, o livre arbítrio e a importância de abraçar cada momento da vida. É
uma obra-prima da ficção científica que nos convida a explorar as fronteiras
da linguagem, da percepção temporal e do significado da
existência.
Em um mundo repleto de filmes de ficção científica, “A Chegada” se destaca
como uma exploração profunda e filosófica do que significa ser humano em um
universo vasto e desconhecido. Ao assistir novamente a esse filme após a
leitura deste artigo, você certamente notará e apreciará os detalhes que
enriquecem essa experiência cinematográfica única.
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